quinta-feira, 26 de novembro de 2015

JIM MORRISON, COMPOSITOR BRILHANTE, ARTISTA CARISMÁTICO: THE DOORS E OS FANTASMAS DE MORRISON

O SURGIMENTO DA BANDA


A dupla formada por Jim Morrison e Ray Manzarek após a leitura de alguns poemas resolveram que era hora de fundar uma banda. A eles dois, juntaram-se ainda, Robin Krieger e John Densmore. 

A ligação das composições de Morrison (que compunha praticamente todas as músicas da banda), geralmente eram viagens que ele fazia ao ler alguns poetas e escritores famosos. Aliás, seu livro de cabeceira era "As portas da percepção" (ou The doorsd of perception), de Aldous Huxley. Engana-se, no entanto, quem acha vem daí o nome da banda, na verdade, o nome foi inspirado num poema de William Blake que dizia o seguinte: "Se as portas da percepção fossem abertas, tudo apareceria como realmente é: infinito".


É interessante fazer uma analogia entre Huxley e Morrison. Como todos sabem, Huxley escreveu a maior parte do livro sob o efeito de mescalina e outras drogas. Ele costumava afirmar (o que não deixa de ser verdade), que o cérebro é um órgão tão especial que consegue erradicar de nossas mentes grande parte das informações recebidas, se isso não fosse feito, todos teríamos cérebros colapsados diante do número infinito de informações que recebemos por minuto. As portas da percepção ficam normalmente meio fechadas para a própria segurança da vida humana.


Voltando ao tema central, The Doors e Jim Morrison. Jim e Ray estudaram cinema na UCLA, Califórnia, em 1965 e o que chamava a atenção dos demais, é que o jovem Jim vivia cantarolando Moonlight drive, uma canção composta por ele. 


Apesar da banda completa, ao vivo, The Doors não tinha um baixista. Manzarek, como grande improvisador, utilizava seu teclado Fender Rhodes para fazer as vezes do baixo. Já nos discos, os baixistas variavam muito.

Seria infinitamente prazeroso e interminável escrever sobre a banda, principalmente sobre Morrison, tão emblemática e apaixonante era sua presença, e olha que eu era ainda uma criança quando ouvia suas músicas quando meu irmão mais velho estava em casa.

Além de compositor e cantor, Morrison era um grande poeta, tanto que uma das mais famosas composições é considerado um hino à Guerra do Vietnan. Assim como as letras eram a especialidade de Morrison, os arranjos mais belos e antológicos partiam de Manzarek.

The end é tão forte, visceral e o vocal poderoso de Morrison tão marcante, que seria capaz de derrubar armas e quedar soldados.



Me perdoem, mas há quem não gosta do som ao vivo, eu os prefiro por passarem mais verdade e porque temos a chance de ver e ouvir declarações que a versão de estúdio não nos permitem. Somente quem já esteve num estádio lotado sabe do que estou falando.

O primeiro contrato com uma gravadora só foi assinado em 1966. Jim era uma figura polêmica e, sobretudo, cantava o que queria como queria. Seu temperamento chocava com suas letras, quando, por exemplo, num trecho de The End, ele usa a base de uma tragédia grega (Édipo Rei), na qual o protagonista mata o pai e faz sexo com a mãe.

Jim Morrison declarou certa vez que um dos eventos mais importantes da sua vida aconteceu em 1947, quando viajava com sua família e ele tinha apenas 4 anos de idade:

"A primeira vez que descobri a morte… eu, os meus pais e os meus avós, íamos de automóvel no meio do deserto ao amanhecer. Um caminhão carregado de índios, tinha chocado com outra viatura e havia índios espalhados por toda a auto-estrada, sangrando. Eu era apenas uma criança e fui obrigado a ficar dentro do automóvel enquanto os meus pais foram ver o que se passava. Não consegui ver nada – para mim era apenas tinta vermelha esquisita e pessoas deitadas no chão, mas sentia que alguma coisa se tinha passado, porque conseguia perceber a vibração das pessoas à minha volta, então de repente apercebi-me que elas não sabiam mais do que eu sobre o que tinha acontecido. Esta foi a primeira vez que senti medo… e eu penso que nessa altura as almas daqueles índios mortos – talvez de um ou dois deles – andavam a correr e aos pulos e vieram parar à minha alma, e eu, apenas como uma esponja, ali sentado a absorvê-las." (thecho retirado da Wikipédia)

A mesma música ainda ganhou uma nova versão de mais de 11 minutos, e ainda gravaram um vídeo dirigido por Morrison e Manzarek para a música Break on Through, podendo ser reconhecido como um dos primeiros no mercado mundial de vídeos.



É complicado escrever num único post sobre uma banda de vida tão curta, mas tão repleta de eventos e acontecimentos, por isso, tento colocar aqui os fatos que considero mais relevantes. Os fãs conhecem absolutamente tudo sobre essa banda sensacional, amada em todos os cantos do mundo. E cultuada até hoje por outras grandes bandas.

Até hoje, Light my fire é considerado um hit que foi hit em 1967... me perdoem a repetição do termo, é que não existe outra palavra para usar ao falar da música. As rádios mais populares podavam os solos de teclado por o considerarem longos demais, diante disso, The Doors juntamente com The Grateful Dead e O Jefferson Airplane, passaram a ser vistos com o triunvirato da contracultura rock and roll americana.



Morrison passou a se destacar como sexsymbol, o que incomodava os outros componentes e a ele próprio. Na época, a censura obrigava as bandas mudarem muitos versos das originais. Morrison aceitou, a princípio, mas na hora, como um chute no balde, mandou os versos originais da música em vídeo acima. O resultado foi a proibição de tocarem novamente num dos programas mais populares da época.

Em 1967, Jim Morrison é preso por agredir um agente da lei. Na época, o consumo de drogas somada a companhia de diversas prostituas, Morrison sofreu com as notícias e a mídia que era uma constante seguindo seus passos.

Como tudo na vida muda, principalmente na vida de grandes astro dos rock, com The doors não foi diferente. Lentamente, de ídolos com uma veia underground, cairam nas graças dos adolescentes, fazendo capas de revistas como Sexteen. Sem contar que as performances já não causavam a polêmica. Enquanto isso, Morrison se entregava ao vício do álcool

O adeus à contracultura aconteceu com o descaracterizado "Waiting for the sun". Apesar do disco ter estourado nas paradas e alcançado o primeiro lugar da Billboard com a canção Helo, I love you, o dinheiro chegou rápido e muitos artistas não resistiram, porém Morrison, continuava compondo e não freava o sucesso da banda, pois ela possuía um louco à frente.

Morrison foi novamente preso, dessa vez por obscenidade, o ano era 1969, e Morrison ameaçava mostrar a genitália no palco, papo desmentido por Manzarek. O problema é que a multidão foi à loucura e teve parte do palco danificado.



Em 29 de agosto, o grupo conseguiu marcar presença no importante festival Isle of Wight Festival, que ocorreu em 29 de agosto. No palco só existiam músicos monstruosos como Jimi Hendrix, The Who, Joni Mitchel, Miles Davis.

Aos 27 anos, o insano maravilhoso e rebelde gravou ainda uma tonelada de poemas loucos e alucinantes. Eles eram tão ricos quanto confusos. Poucos entendem a cabeça de um músico do rock and roll. Geralmente são insanas e generosas. São privilegiados os músicos que conseguem fazer parte de um time de gigantes e cá entre nós, vivemos num mundo medíocre para entender mentes tão geniais.

Em 1971, com o lançamento de L.A. Woman, o grupo volta a fazer parte da nata do rock, retornando à alma rhtym'n'blues original. As canções Love her madly e Riders on the storm explodem nas paradas amaricanas e são executadas até os dias atuais.



Ainda em 71, Morrison sai em viagem com a namorada para a admirada Paris, considerada por ele o lugar ideal para compor, pois era ela a cidade em que era possível respirar cultura. foi justamente em Paris que Morrison gravou ao lado de dois músicos de rua que conheceu durante uma de suas bebedeiras. O resultado desse fato inusitado seria lançado apenas em 1994, que em sua tradução do francês significa As gravações perdidas de Paris.


Jim Morrison era trágico e dramático, era como funcionava sua genialidade já cheia de álcool e drogas. Foi mais um entre tantos, encontrado morto pela namorada. "Provável vítima da heroína, Morrison morreu solitário em uma banheira em um apartamento em Paris. Provável porque, como nenhuma autópsia foi realizada, a causa foi apontada como falência do coração por abuso de drogas. O poeta do rock n’ roll vivia constantemente chapado e depressivo e, claro, a banda não aguentou o ritmo. Aqui e ali foi acusado de gestos obscenos e profanação. “As pessoas temem mais a morte que a dor. É estranho. A vida machuca mais que a morte. Quando morremos, a dor acaba. Acho que é uma amiga.” (retirado de Obvius - Distração planejada: Entretenimento direcionado para preencher a mente. Recomendo a leitura do blog, é ótimo).

CURIOSIDADE

Muitos rumores existem àcerca de fantasmas de Jim Morrison, se são verdadeiras, não sei, mas quem sou eu para negar algo a respeito de Morrison. Acredito até mesmo que ele era de outro planeta e que foi chamado de volta por ter deixado já o seu recado aqui e faz as suas aparições para quem merece de vez em quando. 

Em 1997, Brett Meisner, historiador do Rock, fez uma visita à famosa tumba de Jim Morrison, vocalista do The Doors falecido em 1971, localizada no "cemitério pop" Pére Lachaise (Onde ainda pode-se visitar as tumbas de Oscar Wilde ou de Chopin) em Paris.

Como todo bom especialista em Rock, ele não poderia deixar de bater uma foto diante do túmulo da famosa lenda da música. Pediu a um amigo que batesse sua foto, revelou-a e seguiu feliz sua vida.

Até 2002, quando um assistente notou algo peculiar na foto. Retirou-a de onde quer que ela estivesse e indicou o fato a Meisner; ele não estava tecnicamente sozinho na foto:



Em 2007, Densmore revelou que adoraria ter Eddie Vedder nos vocais para substituir Morrison. Mais tarde, porém, mudou de ideia com as seguintes palavras: "As minhas palavras, meu, as minhas palavras. (...) Eu gosto de qualquer reação que se possa ter com a minha música. Qualquer coisa que ponha as pessoas a pensar. Eu quero dizer que se conseguir pôr uma sala cheia de gente drogada, bêbada pensando e discutindo, então a missão está sendo cumprida". Esse era Morrison, impossível ser substituído... (retirada da Revista Rock in History, v.1, Nova Sampa Diretriz Editora Ltda)

Peço perdão por ter recorrido à várias fontes para escrever a matéria, mas durante a vida de The Doors eu era ainda muito pequena para guardar memórias minhas. E música, é sobretudo, memória. Uma memória indiscutivelmente poderosa demais para falar sem vivenciá-la em sua época.

Acho que vale muito a pena uma palhinha com Eddie Vedder fazendo um cover de Jim Morrison. Um era lindo, o outro é lindo. Mas não é só por isso, é pelo talento incontestável de ambos.



Fontes citadas, pedido de alguém especial atendido, uma tentativa feliz de escrever sobre um gênio que bebeu da vida até seu último gole. Acho que é uma missão quase que completamente cumprida.

2 comentários:

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